Instinto Assassino
grazi e mari
E-mail: grazinha
Enquanto caminhava, tentando espairecer, mesmo sabendo que era impossível, decidi o devia fazer. Peguei o caminho mais curto em direção à cidade, e cheguei a meu destino em poucos minutos. Parei em frente à ferraria, com apenas uma coisa em mente: Morte. Seth estava atrás dos equipamentos, forjando uma espada, e ao notar minha presença, largou as ferramentas e apenas me olhou. Ele estava sem camisa, deixando seu abdômen a mostra, estava tão suada que seus cabelos pingavam. Era uma visão hipnotizante, como eu podia sentir tanto ódio dele, se toda vez que estava em sua presença, me esquecia de tudo.
-Onde está a sua família?- Perguntei, seca.
-Acredito que isso não seja da sua conta!- Ele respondeu com a voz cortante.
-Como vocês puderam fazer isso com meu pai?
-Embora queiramos, não podemos levar todo o crédito por isso, e você sabe muito bem por quê.
Eu não respondi, pois sabia que o que ele fava era verdade.
-Não, eles não estão aqui.
-Ótimo! Então será mais fácil concluir o que vim fazer.
-Peço que seja rápida, tenho muito o que fazer- Ele disse sem tirar os olhos das ferramentas.
-Não se preocupe, será rápido, talvez até indolor, não saberia te dizer.- Eu disse me aproximando.- A menos que você comece a chorar novamente me contando alguma história triste.
-Você é realmente muito ingênua, devia saber quando uma pessoa, melhor ainda, um inimigo, tenta te seduzir só para tirar proveito.
Eu sorri e disse:
-Você acha que eu iria cair em minha própria técnica?
-Agora, termine o que veio fazer aqui.
Eu me aproximei dele e segurei seu pescoço, apertando com força, encarando-o e ele não reagiu, apenas me olhava. Seus olhos cor-de-mel me fitavam vigorosamente, me deixando incrivelmente vulnerável, surpreendentemente humana. Ao olhar para a minha mão que o segurava, percebi que ele estava tocando meu pulso.
-Nós dois sabemos que você não quer fazer isso.
-Você não sabe nada sobre mim.- eu disse soltando-o.
-É impossível fingir que não há nada entre nós.
-Eu não disse nada, apenas olhei para ele.
-E acho que não sou o único que sente isso.- disse ele analisando a minha reação.
-Isso nunca poderia acontecer, um só existe para o fim do outro.
-O que torna a situação mais irônica.- Ele falou com um meio-sorriso.-Porque ao mesmo tempo que meu instinto quer te matar, só pensar na possibilidade faz com que eu me sinta...- E olhou para o lado deixando a frase morrer no ar.
-Você está tentando me seduzir de novo? Porque não está funcionando.
-Queria que fosse tão simples assim.
-Eu também.- Respondi.
Um silêncio constrangedor pairou sobre nós dois, como se fosse uma muda confissão de culpa de cada um pelas tragédias que haviam acontecido em nossas famílias. Agora que conhecíamos nossos reais sentimentos, não havia mais como escondê-los. Era um sentimento mais forte que o ódio, que a vingança, algo que achava ser impossível.
Nessa hora, fomos interrompidos por uma voz suave e aflita.
-Seth... O que ela faz aqui?
-Jane!?- Ele disse se afastando.
Ao me virar, vi a pequena Jane Hale parada em frente a ferraria, com os punhos cerrados. Suas cicatrizes ainda mais visíveis sob a luz do sol.
-Acho melhor eu ir, Seth.- Eu falei, dirigindo-me à saída.
-Seth! Eu não acredito que depois de tudo que ela nos fez você ainda...
E não pude mais ouvir, pois já estava longe.
Confira essa história