Instinto Assassino
          
        
      
          grazi e mari
          
        
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- Aqueles Licantropos desprezíveis. – disse Peter enquanto cruzávamos a soleira da porta.
- Não devemos nos precipitar. – eu disse tentando apaziguar mesmo sabendo que não era possível.
- Gen está certa, embora aqueles cães mereçam ser dilacerados até seu ultimo suspiro, devemos manter nossas aparências. – concordou meu pai.
- É eu sei, e por esse motivo eu me controlei. – disse Peter sentando-se em uma cadeira de espaldar reto e encarando meu pai.
- Vamos nos manter impassíveis, por enquanto. Precisamos saber qual é o objetivo deles aqui em Londres. – falou meu pai, sentando-se na poltrona habitual.
- Realmente. Pelo que sei, os lobisomens preferem viver em locais isolados, apenas com o seu bando. – eu comentei, enquanto me servia de um cálice de vinho. Ao sentir o aroma, dei um leve sorriso ao meu pai, não havia apenas vinho naquela jarra.
- Saúde! – brindei, degustando com calma o “vinho”.
- Gen, querida, você me fez lembrar que temos que caçar. – lembrou meu pai, me olhando.
- O senhor tem razão, meu pai. Peter, você irá conosco? – perguntei a meu irmão, que a,inda encarava o vazio, pensativo.
- Receio que não vai ser possível, pois terei que viajar de madrugada para supervisionar as minhas tropas na fronteira amanhã bem cedo, me alimentarei por lá.- Contou-nos Peter.
-Algo me deixou curioso esta noite- Disse meu pai, subitamente- Um dos licantropos demonstrou um interesse especial por você, filha.
- Acho que foi apenas impressão- Falei, tentando mudar de assunto.
- Eu também percebi, espero que eles não se atrevam a atacar mais alguém da nossa família!- Exclamou Peter.
- Você não precisa se preocupar, eu sei me defender. – Falei, um tanto irritada.
Ficamos na sala por algum tempo, até que Peter anunciou:
- Está na hora de ir... Vejo vocês amanha á noite. – então ele se retirou.
Dirigindo-me a meu pai, disse:
- Preciso me trocar e então podemos ir. – após falar isso, subi as escadas em direção ao meu quarto.
Ao chegar lá abri o guarda-roupa, pegando um vestido preto com o corpete vermelho bordado com flores pretas e os cordões da mesma cor. Me vesti e peguei uma capa de seda vermelha e longa, assim como as luvas. Troquei os sapatos. Prendi meu cabelo em um coque frouxo e coloquei uma fita fina e vermelha ao redor da cabeça. Voltei para sala, onde meu pai me aguardava, ao me ver ele falou:
- Os cavalos já estão prontos. Podemos ir?
- Sim, podemos- Respondi aproximando-me dele.
Ele estendeu o braço para mim e saímos de casa.
Lá fora, os cavalos já estavam com as selas colocadas.
Montei, então, eu cavalo marrom e meu pai montou em outro que era preto. Cavalgamos por algum tempo até chegarmos no centro da cidade, comecei a observar o movimento. Naquele horário da noite não havia quase ninguém na rua, apenas algumas pessoas fechavam os seus comércios. Passamos em frente a ferraria, onde o havia visto pela primeira vez, olhei disfarçadamente, procurando-o. Ele não estava lá.
Ao sairmos da cidade, entrando na parte campestre da região, meu pai parou, desceu do cavalo e amarrou-o em uma árvore próxima. Ele virou-se para mim e falou:
- Podemos deixá-los aqui e continuar a pé.
- Claro.- Respondi, também descendo do cavalo.
- O cheiro mais forte está vindo daquele lado. – disse meu pai apontando para uma pequena vila mais a frente.
Então começamos a andar a passos rápidos por uma estreita estrada de terra, o que para olhos humanos pareceria uma velocidade extraordinária. Quando nos aproximamos da vila eu disse:
- Há um certo movimento naquela taberna. Consigo ouvir musica. – falei para meu pai.
- Vamos até lá. – ele disse estendo-me o seu braço.
Quando chegamos em frente a taberna meu pai disse:
- Te esperarei próximo aquelas árvores ali atrás. Faça uma boa escolha. – disse ele sorrindo para mim.
- Pode deixar... Não demorarei. – falei caminhando em direção a taberna.
Entrei no estabelecimento, havia muitos homens, alguns acompanhados de mulheres da vida, o local era antigo e sujo, e cheirava fortemente a bebida alcoólica e suor. Sentei-me em frente ao balcão e um senhor usando um avental manchado apareceu e disse:
- O que uma senhorita tão linda deseja? – perguntou o homem sorrindo, mostrando alguns poucos dentes amarelos.
- Estou com sede. – Falei sorrindo de volta.
- Trarei um cálice do melhor vinho que temos. – Ele disse virando-se para as bebidas.
- Obrigada senhor. – enquanto esperava percebi que alguns homens que estavam em uma mesa me encaravam e um deles levantou-se e veio em minha direção. O taberneiro depositou o cálice de vinho na minha frente e disse:
- Aqui está.
- Obrigada, quanto custa? – eu falei olhando-o.
- Deixe por minha conta senhorita. – Falou o homem que havia levantado da mesa. Ele era baixo e roliço, com o rosto largo, olhos pequenos e cabelos ralos.
- Agradeço pela gentileza senhor...? – perguntei tocando em seu braço.
- Sr. White, seu humilde escravo. – ele respondeu beijando minha mão.
Senti-me enojada, mas procurei sorrir.
-O que uma moça tão bonita faz por aqui a essa hora da noite. Esse lugar pode ser perigoso para donzelas indefesas.
- Minha carruagem quebrou no meio da estrada e vim aqui procurar ajuda. – Eu disse aproximando o meu rosto do dele e fingindo uma expressão aflita.
- Será um prazer ajudá-la senhorita...?
- Senhorita Doyle. Acho que o senhor deveria levar mais algum amigo para ajudá-lo.
- Está bem. – Enquanto eu o via chamando um dos amigos, percebi que eles riam. Ele voltou acompanhado de um homem mais novo, era alto e muito magro, tinha face encovada e um nariz adunco.
- Este é Paul, ele se ofereceu para ajudar.
- Obrigada senhor. – levantei-me e falei – vou mostrar-lhes onde está a minha carruagem.
Quando estávamos chegando perto da floresta o mais velho segurou o meu braço e eu parei, virando-me para ele, então o homem disse:
- Acho que posso receber meu agradecimento adiantado. – colocando suas mãos no meu rosto.
Eu sorri e o empurrei fazendo-o cair sentado no chão assustado, seu amigo vendo aquilo começou a correr mas antes que se afastasse meu pai apareceu na sua frente e eu disse:
- Pensei que eu ficaria com toda a diversão. – ele estava sorrindo com seus olhos completamente brancos devido a transformação.
Enquanto ouvia os gritos de Paul, caminhei em direção a minha vítima que ainda estava no chão, quando me viu tentou levantar-se, mas eu chutei seu rosto fazendo-o cair de novo estirado no chão com o rosto sangrando. Sentei em sua barriga e passei o dedo no sangue que escorria de sua boca e levei-o aos lábios, senti mais sede que nunca. E disse:
- Quer o seu agradecimento agora? – com os olhos cheio de terror ele disse:
- Não me machuque, por favor.
- Se eu fosse realmente uma moça indefesa, vocês me escutariam se eu dissesse isso? Acho que não! – Senti minhas presas aumentarem e o mordi, ele gritava a plenos pulmões, e eu ignorava. Ao perceber que ele já estava morto, levantei-me arrumando o vestido e lambendo os lábios. Meu pai também já havia terminado e perguntou:
- Podemos ir embora?
- Sim, estou satisfeita. – respondi.
Voltamos para onde havíamos deixado os cavalos, e começamos a cavalgar de volta para casa enquanto o sol aparecia por detrás das colinas.
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