Capítulo 9

A maior perda
 
 

 

-Gen, se afaste! – gritou meu pai para mim.
Nesse momento Seth avançou em minha direção, eu desviei e corri para onde meu pai estava, mas não rápido o bastante para evitar suas garras, que acabaram arranhando meu braço, rasgando minha luva e deixando três linhas profundas ao redor dele. Meu pai, meu irmão e eu estávamos verdadeiramente encurralados, pois os três lobisomens haviam formado um triângulo, e nós, no centro dele. Então, o maior deles rosnou, e com um pulo me atacou. Eu tinha consciência de que não teria chances contra ele, a única coisa que eu podia fazer era desviar. Ouvi meu pai gritar: “Peter! Detenha o menor, que eu fico com o outro!” . Não tive tempo de olhar mais, pois nessa hora, o lobo com o qual estava lutando avançou sobre mim, com a intenção de morder e, usando meu braço como escudo, o empurrei com força para longe de mim. Nesse intervalo de tempo, pude me virar para ver o que acontecia com Peter e meu pai. Os dois estavam de costas um para o outro e cada um deles estava virado para um dos lobos, sendo que meu pai estava lutando com Seth. O lobo que estava contra Peter, saltou para cima dele. Eu vi essa cena ocorrendo lentamente, como se custasse a acreditar no que estava acontecendo, pois em vez de atacar o lobisomem, Peter se abaixou, abrindo caminho para o lobo, que atingiu as costas do meu pai derrubando-o no chão, então usando suas garras ele decapitou meu pai.
- Não!!! – eu gritei correndo em direção ao seu corpo, me ajoelhei junto a ele e com lágrimas nos olhos gritei:
- Por que você fez isso Peter?
- Não temos tempo para isso Genevieve! – ele disse sem me olhar.
Nesse momento o céu escureceu, como se soubesse o que havia acontecido. A lua foi encoberta por um nuvem, o que fez os lobisomens saírem correndo. Ao mesmo tempo se transformavam de volta. Voltei-me para o meu pai desesperada e Peter disse:
- Precisamos fazer algo com o corpo dele.
Eu o olhei e sem falar nada avancei nele, e o segurei pelo pescoço com toda força que tinha e falei:
- Poderia matar você agora! Mas não quero me rebaixar ao seu nível. Você é desprezível. – eu disse por fim cuspindo em seu rosto.
Ele sorriu e respondeu:
- Eu sei que você não faria isso, você é covarde.
- Por que você o matou? Por que não a mim? – eu disse chorando.
- Ele não tinha mais serventia para mim, mas você ainda tem!
- Eu nunca o ajudaria, você me dá nojo. – eu o soltei e fui até o cadáver, peguei-o e enquanto ia para parte de trás da casa, começou a chover forte. Coloquei-o no chão, já sabia onde enterrar, comecei a cavar com minhas mãos a terra molhada pela chuva, e as minhas lágrimas se misturavam com as gotas d’água me deixando com a vista embaçada. Depois que o buraco já estava fundo, depositei seu corpo e sua cabeça na cova. O enterrei e deitei em cima da sepultura, olhei para o meu braço e vi que havia sido mordida. Fiquei ali na chuva, vi o dia amanhecer e anoitecer sem me mover. Não havia visto Peter o dia todo, agradeci por isso, pois não sabia se poderia me controlar na próxima vez que o visse.
 Quando o sol começou a nascer, me levantei e decidir ir caçar. Eu estava tão embriagada pela dor e pelo ódio que nem conseguia ver para onde ia. Deixei que a sede de sangue me guiasse, então deparei-me com dois homens na estrada, as lágrimas ainda ardiam meus olhos e me cegavam, talvez por isso achei-os incrivelmente parecidos com Peter. Corri até eles, e antes que falassem algo eu os ataquei, derrubando-os. Golpeei um na cabeça para que ele ficasse inconsciente, e me dirigi ao outro. Ao encarar seu rosto, vi nele refletida a imagem de Peter com seu sorriso sádico e a raiva me dominou, arranhei todo seu rosto e deixei que seu sangue escorresse enquanto o homem se debatia de dor. Mordi seu pescoço e suguei seu sangue até que ele desse seu último suspiro. Me virei para o outro, ainda não estava saciada. Já estava extremamente cansada de tudo e desta vez agi mais rápido. Empurrei os cadáveres para a beira da estrada e me retirei. Enquanto caminhava, pensava em como seria minha vida daqui para frente sem meu pai, sem a minha fonte de inspiração e de força. Qual seria a razão de viver? Sem minha mãe, e agora, sem meu pai... Não faz mais sentido existir....Foi aí que lembrei da minha maior motivação para ter vivido até hoje... a Vingança... Ela seria como nunca foi antes, a minha melhor amiga.


Crie um site grátis Webnode